Ao longo desta semana vamos ler, aos poucos, as noticias que nos chegaram de Moçambique, escritas pela Professora Catarina que partiu para vários meses de voluntariado para uma escola onde trabalham as Irmãs o Amor de Deus.
“Cheguei a África, Nampula.
“Vamos ainda hoje para Milevane, mas vamos ter de desviar caminho. A ponte caiu. Va- mos dormir a Gurué”. Disse-me a Irmã Lina quando me foi buscar ao aeroporto há 12 dias atrás. Imaginem que este desvio foram só mais 200km em estradas de alcatrão, com bura- cos sim e buracos sim. E, depois, pela manhã seguinte, mais 60km em estradas de terra batida.
Já imaginaram este desvio?
Nesta terra caiem muitas pontes e demoram muitoooooo tempo a serem reconstruídas. A caminho de Gurué, na escuridão, passámos por muitas [pontes]…que “medo”!
514km depois chegámos a Milevane!
Milevane está diferente. A terra vermelha existe somente no caminho que pisamos, escon- de-se por detrás dos verdes das árvores e do campim. O campim atinge dois metros de altura, cresce tanto que encolhe os trilhos.
Milevane está diferente. O céu está negro e as estrelas já não iluminam os caminhos. Noite após noite, escondem-se por detrás das nuvens que teimam em permanecer. O regresso a casa depois das aulas é desconfortante. O silêncio da escuridão assusta. O som dos animais desconhecidos, o som do agitar das folhas não se ouvem – sentem-se! Toca a acelerar o passo para regressar rápido – aprendi a lição.
Primeiro vou conhecer.